sábado, 19 de janeiro de 2013

"Escolas públicas preparam melhor os alunos para terem sucesso no superior" no jornal PÚBLICO de 18 de janeiro


Ontem (18 de Janeiro) o jornal "Público" publicou um artigo intitulado "Escolas públicas preparam melhor os alunos para terem sucesso no superior".

Para quem se lembra dos  rankings das escolas, elaborados com base nos resultados dos exames nacionais, em que as escolas privadas têm sempre os melhores resultados, o título do artigo é, no mínimo, surpreendente.
A Universidade do Porto analisou percurso dos estudantes admitidos em 2008/2009 e concluiu que as escolas privadas preparam melhor os alunos para os exames, mas não para terem um bom desempenho na universidade.
Analisando os alunos que ao fim dos 3 anos tinham concluído pelo menos 75% das cadeiras, verificou-se que os provenientes das escolas públicas tinham melhores resultados académicos.
Elaborando uma lista com as escolas que contribuíram para o grupo dos 10% melhores alunos da universidade, verifica-se que nas primeiras 20 escolas, 17 são públicas.
As privadas são apenas 3 e estão colocadas em 5º, 6º e 12º lugar.
Por cada 100 alunos vindos das escolas públicas, 10,69 estão no grupo dos 10% melhores, enquanto por cada 100 alunos vindos das escolas privadas apenas 7,98 estão nesse grupo.
A título de exemplo, o estudo diz-nos que as escolas que mais alunos colocaram na Universidade foram o Colégio Ribadouro (privado) com 154 alunos e a Secundária Garcia de Orta (pública) com 114.  3 anos depois a Garcia de Orta tinha 14 alunos no grupo dos melhores (12%) e o Colégio Ribadouro apenas 5 (3%).
Mesmo nos cursos de medicina, em que as notas de entrada são muito elevadas e muito juntas, verifica-se a mesma situação.
Por cada 100 alunos provenientes das escolas públicas 12,5 estão no grupo dos melhores enquanto os das escolas privadas são apenas 7,58.
As notas de entrada, só por si, não são garantia de um bom desempenho escolar.
Dá que pensar.
Parece que as escolas privadas conseguem melhores resultados nos exames nacionais porque acompanham e apoiam melhor os seus alunos, mas quando eles chegam à universidade, sem esse apoio, têm mais dificuldade em manterem um alto nível de desempenho.
Donde, concluo eu, é importantíssimo conseguir-se aumentar a preparação académica dos nossos alunos, mas é também essencial aumentar a sua capacidade de trabalho autónomo, e a sua disciplina.


José Batalha

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