Ontem (18 de Janeiro) o jornal "Público"
publicou um artigo intitulado "Escolas públicas preparam melhor os alunos
para terem sucesso no superior".
Para quem se lembra dos
rankings das escolas, elaborados com base nos resultados dos exames
nacionais, em que as escolas privadas têm sempre os melhores resultados, o
título do artigo é, no mínimo, surpreendente.
A Universidade do Porto analisou percurso dos estudantes
admitidos em 2008/2009 e concluiu que as escolas privadas preparam
melhor os alunos para os exames, mas não para terem um bom desempenho na
universidade.
Analisando os alunos que ao fim dos 3 anos tinham
concluído pelo menos 75% das cadeiras, verificou-se que os provenientes das
escolas públicas tinham melhores resultados académicos.
Elaborando uma lista com as escolas que contribuíram para
o grupo dos 10% melhores alunos da universidade, verifica-se que nas primeiras
20 escolas, 17 são públicas.
As privadas são apenas 3 e estão colocadas em 5º, 6º e
12º lugar.
Por cada 100 alunos vindos das escolas públicas, 10,69
estão no grupo dos 10% melhores, enquanto por cada 100 alunos vindos das
escolas privadas apenas 7,98 estão nesse grupo.
A título de exemplo, o estudo diz-nos que as escolas que
mais alunos colocaram na Universidade foram o Colégio Ribadouro (privado) com
154 alunos e a Secundária Garcia de Orta (pública) com 114. 3 anos depois a Garcia de Orta tinha 14
alunos no grupo dos melhores (12%) e o Colégio Ribadouro apenas 5 (3%).
Mesmo nos cursos de medicina, em que as notas de entrada
são muito elevadas e muito juntas, verifica-se a mesma situação.
Por cada 100 alunos provenientes das escolas públicas
12,5 estão no grupo dos melhores enquanto os das escolas privadas são apenas
7,58.
As notas de entrada, só por si, não são garantia de um
bom desempenho escolar.
Dá que pensar.
Parece que as escolas privadas conseguem melhores
resultados nos exames nacionais porque acompanham e apoiam melhor os seus
alunos, mas quando eles chegam à universidade, sem esse apoio, têm mais
dificuldade em manterem um alto nível de desempenho.
Donde, concluo eu, é importantíssimo conseguir-se
aumentar a preparação académica dos nossos alunos, mas é também essencial
aumentar a sua capacidade de trabalho autónomo, e a sua disciplina.
José Batalha
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